DJ Speed

BR: Speed, eu acredito que pra você foi meio complicado essa questão de ser um "branco" tocando pra negros. Como você analisa isso?

DJ: Pior que não, não tive nenhum problema com isso, em nenhum momento sofri algum tipo de preconceito, mesmo tocando só black music, música voltada para o público negro, não tive problema algum.

BR: O que te fez tocar black music?

DJ: Sempre gostei muito de R&B e hiphop, principalmente americano, adoro as letras, o ritmo, a moda que vem deste estilo, mas a música pra mim é algo diferente. Na verdade meu trabalho é uma diversão, uma diversão remunerada. Porque consigo fazer o que amo e ainda receber por isso.

BR: Como começou sua carreira?

DJ: Comecei aos 16 anos, tocando em festas de aniversário, e pequenos eventos, e sempre fui voltado para a música Black, e aos 19 anos começei a tocar no Dolores Bar ( Casa que a 14 anos se dedica à Black Music) e me tornei DJ residente da casa, onde estou até hoje, todas as sextas e sábados.

BR: Vamos falar de um assuto que sempre gera polêmicas, a questão das cotas raciais.O que você acha a respeito delas Speed?

DJ: Esse é realmente um assunto bem contraditório e que sempre causa opiniões bem distintas. Eu acredito que tudo que vem a proteger uma classe ou categoria, seja ela qual for é uma forma de preconceito e uma forma de se sobressair sobre outras, e os direitos são iguais para todos, em via de tese. Porém, no Brasil sabemos que essa igualdade está longe de ser realmente posta em prática e fica apenas nas cartilhas dos políticos, por isso acredito que essa medida é sim uma forma efetiva de contribuir para que no caso os negros, índios tenham oportunidade se ter uma educação de qualidade sem pagar nada por isso. Mas não esquecendo que na minha ótica o problema vem da base da pirâmide, educação fundamental de qualidade, professores bem remunerados, mais escolas e universidades públicas para a população  em geral, de todas as raças, para que todas tenham a mesma formação e a mesma oportunidade de lutar pelo seu emprego, seus ideais e seus sonhos.

BR: Na sua opinião, o que você acha que deveria ser feito para que essa tão sonhada igualdade realmente exista?

DJ: Então, como disse isso é um problema muito complexo, que vem há anos destruindo nossa tão sonhada igualdade dos povos. Se tivéssemos uma educação pública de qualidade desde o ensino fundamental, médio e superior com certeza isso não ocorreria. Infelizmente isso é um sonho, pois na atual situação educacional do Brasil apenas quem tem mais dinheiro, conseguem oferecer educação de qualidade para seus filhos, que em sua maioria são de famílias brancas, e isso vira uma bola de neve, onde cada vez menos, os negros terão condições de lutar em igualdade com os brancos, pois os mesmos problemas ocorrem nos dias de hoje, fazendo com que quem tem dinheiro tenha cada vez mais, e quem não tem oportunidade se afunde cada vez mais nesse buraco!
Se hoje o ideal acontecesse e todos tivessem acesso a educação de qualidade de forma igualitária, ainda demoraria muitos anos para que se estabelecesse uma democracia plena na educação brasileira


BR: Você acha que os meios de comunicação podem servir pra conscientizar a sociedade da igualdade entre negros e brancos ou só servem pra desmoralizar os negros?

DJ: Os meios de informação são uma ferramenta importante na conscientização da população sim e deveriam ser usadas com mais cautela e voltadas para a educação e o bem estar, mas não é o que acontece, mídias de massa como TV, rádio, jornal tem o poder de manipular a informação e causas sérios problemas. Esses meios de comunicação são muito diferentes entre sí, não dá para generalizar, mas tanto TV, quanto rádio, jornal e revistas, têm uma contribuição fundamental na formação da opinião e do conhecimento de todos. Muitos realmente informam e educam de forma imparcial, mas muitos também são manipuladores e distorcem as informações em benefícios próprios ou em algo que os beneficie.
Cabe aos políticos e os orgãos competentes fiscalizarem e a população ficar alerta e saber selecionar a informação que presta e a que não presta.

BR: E o que acha dos negros que vêem racismo em definitivamente tudo na mídia?

DJ: Acho um pouco de exagero, pois não é só porque são negros que eles próprios não possam ser racistas também, se rebaixando e fazendo com que tudo que eles vejam haja um sinal de racismo. Acredito que o racismo está presente na mídia ainda sim, em novelas, filmes, programas. Os papéis mais simples ainda são repassados para os negros, infelizmente, mas as coisas andam avançando a passos curtos, e em um futuro próximo acredito que isso não ocorrerá mais.

Pois é, galera, não são só os negros de cor que têm vez aqui, mas os de consciência principalmente! Querem conhecer mais do trabalho do DJ Speed?

Ouçam a Rádio Dolores!!!

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